Como você julga?

Uma senhora, cerca de sessenta anos, fazia sua caminhada matinal. Embora cedo, o sol ardia. Amiga dos recicladores, recolheu duas latinhas à beira do asfalto, lembrando-se que esquecera a sacolinha para colocá-las.

     No caminho de volta, passou mal. O cansaço e os efeitos do calor fizeram sua pressão baixar. Apoiou-se numa lixeira e, sem poder continuar, sentou-se na mureta de uma casa.

     Confusa, ela olhou para os lados e avistou um conhecido. Chamou-o e pediu que fizesse o favor de trazer o seu esposo até ali. O torpor amoleceu os seus membros e o seu corpo arqueou. As latinhas caíram ao seu lado.

     Na avenida, os carros passavam lentamente. Um problema no trânsito fazia a fila se alongar. Um senhor ao volante, ao vê-la naquela situação, balançou a cabeça e disparou: “Passou da conta, dona”?

     Ele olhou-a, viu seu corpo fora do prumo. Identificou as latinhas vazias ao seu lado e um quadro formou em sua mente: “a idosa bebeu todas”! “Perdeu a vergonha”!

     Como você julga? E o mais importante: você julga os seus próprios julgamentos?

     Mas, as pessoas não são apenas suspeita, análise e julgamentos apressados. Elas também olham o outro pelo ângulo da compaixão e da solidariedade.

     Uma senhorinha passante perguntou se a outra, sentada na mureta, queria um copo d’água. Recebendo o consentimento com um aceno de cabeça, foi à sua casa e trouxe uma garrafinha com o líquido fresco e reconfortante.

     Uma jovem senhora, da casa em frente, reconhecendo a idosa veio em seu socorro, acolheu-a em sua residência até a chegada do esposo.

     Seu cunhado, morador da casa ao lado da sua, veio ao encontro da senhora logo que identificou o nome do esposo da mesma, que ele bem conhecia.

     Cada uma das pessoas, ali presentes, representou uma visão particular em relação ao próximo.

     A senhora anônima, que ofertou a água, foi pura compaixão e solidariedade. Faria o mesmo a qualquer um. Os cunhados vizinhos auxiliaram prontamente. Sentiram-se seguros, pois, ela, conhecia a idosa, ele, o seu esposo.

     Jesus, falando do futuro aos seus discípulos, previu guerras, fomes, pestes e terremotos em vários lugares. “Nesse tempo muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se odiarão (…) E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.” (Mt, 24:4-13). Como você julga as pessoas e a realidade atual?

     De forma compassiva e solidária com todos? De modo indulgente, mas só com amigos e conhecidos? Ou avalia de maneira fria, indiferente e apressada como o motorista inconsciente?

Antes de responder, lembre-se “quando você julga o outro, você mede a si mesmo.” E Jesus, a expressão maior da compaixão e da solidariedade, o ajudará a pensar nisto!