No dia 25.11.2020 retornou à Pátria Espiritual Diego Armando Maradona Franco, um dos maiores futebolistas do mundo. Segundo Paulo Roberto Falcão, ex-jogador e ex-técnico gaúcho, “Maradona foi um semideus do futebol. Com a bola, ele foi deus; sem a bola, foi humano”. Uma deidade e uma humanidade conturbadas que se encaixam no pensamento de Bertold Brecht “Infeliz a nação que precisa de heróis”.
“Aos nove anos, seu talento com a bola já o fazia ser a criança mais popular da comunidade em que morava, no subúrbio de Buenos Aires. Com quinze, disputava partidas preliminares, já atraindo multidões. E, aos dezessete anos, recebeu a primeira convocação para a Seleção Argentina. https://pt.wikipedia.org/wiki/Diego_Maradona
E, nesse amadurecimento apressado, criou-se a figura do jogador-deus dos gramados e as controvérsias do homem que nunca deixou de ser garoto.
Do ponto de vista espiritual, pode-se deduzir que, entre os seus propósitos desta existência, estavam o enfrentamento da fama e da riqueza, após uma infância humilde e valorosa. Poucas almas conseguem vencer, com sabedoria, estes dois desafios.
A sua genialidade inata comprovou-se pela inteligência físico-cinestésica, conceito de Gardner, que é a habilidade de utilizar o corpo de maneira excepcional.
Sobre isto, o seu primeiro treinador assim se expressou ao ver o menino de nove anos jogar: “Um jogador normal, mesmo um muito habilidoso, pode passar a vida sem fazer algo assim, mesmo que a ensaie uma, duas, mil ou um milhão de vezes. Para fazer uma jogada dessas – e ele fez, como se fosse a coisa mais normal do mundo – aquele menino tinha que ser diferente, muito diferente dos demais…”
Ele mesmo comentou – “Nunca pensei, nunca, que havia nascido para jogar futebol, que ia me passar tudo o que me passou depois.” “Jogar bola me dava uma paz única. E essa sensação é a mesma que sempre tive, até hoje: me dê uma bola e me divirto e protesto e quero ganhar e quero jogar bem”. O gênio se constrói em várias encarnações e renasce pronto.
O homem Maradona de atitudes apaixonadas, de decisões imprevisíveis e opiniões contraditórias sempre esteve ligado ao povo que falava como ele e repetia as suas frases. E, “o menino humilde, o menino solidário, o menino apaixonado pela bola. O menino que assumiu tão cedo o papel de símbolo da paixão de um país”, nunca deixou de valorizar as crianças.
A dependência química destruiu o homem e o ídolo, que sofria muito longe dos gramados. Ao Diário Clarín, quando fez 60 anos, ele confessou-se arrependido do vício. Na Terra precisou de um sério tratamento. Na espiritualidade, ele necessita de muitas orações.
“Infeliz a nação que precisa de heróis!” Um homem, ao mesmo tempo, um fenômeno de massa, Maradona foi engolido pelo endeusamento. O país que o idolatrou não cuidou da sua humanidade. Sua história ensina que não há homens-deuses. Aqui os gênios, os santos, os heróis são profundamente humanos. Pense Nisto!